quinta-feira, 14 de junho de 2012

ASPECTOS QUE EDUCADORES E PAIS DE MENINOS COM X FRÁGIL DEVEM CONSIDERAR




1-. Contato ocular.

A aversão inicial a estabelecer e manter contato ocular deve-se à hipersensibilidade a estímulos sensoriais e, em alguns casos, à desconexão com o meio.
Apesar deste ser um fator fundamental para o acesso ao aprendizado, não se deve obrigar a  criança a nos olhar diretamente  nos olhos, devendo-se , antes, que o faça de forma indireta através de jogos interativos ou atividades que sejam bastante motivadoras.  Por vezes constatamos que existe  algum tipo de resposta, mesmo que ela não esteja nos olhando.

2-. Problemas de integração sensorial.
A criança apresenta dificuldades para organizar e entender os estímulos do mundo externo sejam eles auditivos, táteis ou visuais. Por isso, devemos controlar os estímulos aos quais está exposta: ruídos, música, cores, luzes ou contato físico, especialmente quando são novos para ela , e ir introduzindo-os em suas atividades paulatinamente. Essa rejeição inicial não nos deve levar a pensar que ela não vai desfrutar dessa atividade ou desse estímulo depois que estiver  familiarizada com ele.
3-. Necessidade de estruturação e antecipação.
     Dada sua dificuldade para se organizar e, portanto, para planejar suas atividades, é importantíssimo oferecer um ambiente estruturado e previsível. À medida que a criança vai conhecendo as características desse ambiente será possível antecipar o que vai ocorrer, tornando menos provável a rejeição das  atividades que forem propostas.
4-. Uso de material gráfico.
Reter a informação puramente verbal é difícil. Por isso, devemos apoiar-nos em material gráfico (fotos, desenhos ou pinturas), que tem uma continuidade no tempo e no espaço, como instrumento básico para o ensino. Com ou sem linguagem verbal, esse material é uma ferramenta valiosíssima para a criança estruturar seu tempo e se comunicar, seja para pedir algum objeto, para pedir que se faça algo ou para comentar algo que tenha acontecido.
Por exemplo, podemos fazer o planejamento do dia no colégio mediante uma seqüência de fotos ou de desenhos que mostrem as diferentes atividades que vão ser realizadas.

5-. Atenção e Concentração.
 Sua atenção é inicialmente débil e a quantidade de estímulos que lhe parecem interessantes é reduzida porque sua capacidade de se concentrar numa tarefa é mínima. Deve-se partir dos estímulos que lhe parecem atraentes para começar a trabalhar, sendo assim possível aumentar os períodos de atenção. Pouco a pouco se deve introduzir estímulos novos, intercalando-os com outros já conhecidos e motivadores. Em um primeiro momento, o tempo dedicado a cada atividade deve ser muito reduzido sendo aumentado progressivamente. Deve-se permitir momentos de descanso entre uma atividade e outra.
       Em função dessas dificuldades da atenção, deve-se limitar também as distrações ambientais, sem que isso implique um empobrecimento do ambiente.
  Para aumentar os períodos de atenção e concentração podem ser úteis os exercícios prévios de integração sensorial, que englobam tanto atividades de motricidade grosseira (das quais a criança participa ativamente deslocando objetos pesados, saltando etc.) como atividades de organização sensorial (massagens, pressão nas articulações etc.) realizadas pelo professor.
            6-. Movimentos estereotipados.
Podem estar relacionados com a ansiedade ou com a falta de sentido das próprias ações da criança. Não devem ser atacados diretamente, a menos que constituam um perigo físico. Irão diminuindo à medida que a criança se veja envolvida com atividades funcionais e motivadoras e na medida em que sua vida vá se tornando mais cheia de sentido. No entanto, muitas vezes estão fortemente arraigadas e, além disso, deve-se levar em conta que cumprem uma função de descarga de ansiedade.

7-. Hiperatividade.
Está diretamente relacionada com os problemas de atenção e concentração e há um período de particular intensidade na primeira infância. O exercício físico freqüente, especialmente os jogos aquáticos, brincadeiras com movimentos, passeios etc., contribuem para acalmar a criança de maneira significativa.  À medida que vai adquirindo pautas de atenção, sua hiperatividade será reduzida.

8-. Recusa sistemática diante de estímulos novos.
     É provável que a criança se oponha, às vezes com muita angústia, a realizar uma nova tarefa, mesmo que esteja dentro de suas possibilidades. Sua ansiedade diminuirá se a nova atividade for apresentada inicialmente de forma gráfica. Deve-se manter uma atitude firme e carinhosa, porém insistindo-se para que realize os primeiros passos. Se isso não for feito, suas experiências ficarão seriamente limitadas. Uma vez vencido esse temor inicial, ela terá prazer em realizá-la.  

9-. Comunicação e Linguagem
É fundamental que a criança se sinta inclinada a comunicar seus desejos e necessidades, independentemente da capacidade verbal que possua. As condutas de isolamento, quando existem, podem ser reduzidas oferecendo oportunidades para interações prazerosas (mediante atividades que se saiba serem do agrado da criança) e respondendo prontamente a seus sinais comunicativos, seja qual for o meio empregado.
    Podem estar presentes dificuldades de diversas ordens no desenvolvimento da fala, o que faz com que, muitas vezes, a compreensão verbal seja muito maior que a capacidade expressiva.
     Um dos desafios mais importantes que surgem quando essas crianças se põem a falar é o de planificar a seqüência de sons de maneira a formar palavras e frases (controle oro-motor voluntário). Também existe dificuldade para pronunciar com clareza e falar em uma velocidade adequada.
      Uma forma de ajudar é apresentar a informação de forma visual ou gestual , além  de verbalmente, permitindo que utilizem todos esses meios para iniciar, manter e recuperar suas interações (aproximação multissensorial da comunicação).
     Também é muito útil realizar tarefas de ritmo e imitação de movimentos com todo o corpo, movimentos que podem ser acompanhados por  sílabas ou  palavras.
     A sucessão correta dos sons nas palavras também pode ser acompanhada de forma gráfica. Se a criança se comunica mediante palavras isoladas, pode-se marcar cada sílaba com um cartão ou com um determinado sinal gráfico (um adesivo, por exemplo) fazendo com que a criança vá apontando cada sinal à  medida que pronuncia as sílabas.
    Se ela não constrói frases de mais de uma palavra, pode-se ajudá-la a pronunciar a seqüência completa em uma velocidade adequada fazendo “trens gráficos de palavras”, colocando cartões (um para cada palavra) da esquerda para a direita.
    Em estágios mais avançados do desenvolvimento da linguagem é provável que seja necessário ajudá-la a regular a rapidez e a aumentar a fluidez de sua fala.
   Deve-se sempre estimular o uso adequado da linguagem em conversas, pois têm a tendência para não manter o tema sobre o qual está se falando ou a perseverar diante de determinados tópicos.
Apresentam freqüentemente problemas relacionados à mobilidade e tonicidade dos músculos oro-faciais, e podem manifestar uma certa hipersensibilidade nessa  área. Em geral, mostram-se úteis os exercícios de lábios e língua, introduzidos, sempre que possível, no contexto de brincadeiras (encher bolas de gás, fazer caretas, fazer massagens no rosto enquanto canta alguma canção etc.). A excessiva sensibilidade na região deve ser vencida pouco a pouco. Tocar o próprio rosto e o interior da boca pode ajudar a criança a tolerar que outras pessoas o façam.

10. Habilidades de imitação.
    Possuem boa capacidade de imitação, o que deve ser utilizada como instrumento de aprendizado, especialmente no que se refere à área social. Daí  a importância de compartilharem  atividades com outras crianças em situações  normais.
    São pessoas que, apesar de poderem apresentar condutas de isolamento e excessiva timidez, conseguem estabelecer vínculos afetivos fortes e estáveis com aqueles com quem convivem.

BIBLIOGRAFIA EM ESPANHOL

El Síndrome X Frágil. Material educativo de la Fundación Nacional del X Frágil de Estados Unidos.
Colección Rehabilitación. Ministerio de  Trabajo y Asuntos Sociales. IMSERSO. Madrid 1997.
Carmen Monsalve Clemente
Centro Leo Kanner (APNA) - Madri



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