1-. Contato ocular.
A aversão
inicial a estabelecer e manter contato ocular deve-se à hipersensibilidade a
estímulos sensoriais e, em alguns casos, à desconexão com o meio.
Apesar
deste ser um fator fundamental para o acesso ao aprendizado, não se deve
obrigar a criança a nos olhar
diretamente nos olhos, devendo-se ,
antes, que o faça de forma indireta através de jogos interativos ou atividades
que sejam bastante motivadoras. Por
vezes constatamos que existe algum tipo
de resposta, mesmo que ela não esteja nos olhando.
2-. Problemas de
integração sensorial.
A
criança apresenta dificuldades para organizar e entender os estímulos do mundo
externo sejam eles auditivos, táteis ou visuais. Por isso, devemos controlar os
estímulos aos quais está exposta: ruídos, música, cores, luzes ou contato
físico, especialmente quando são novos para ela , e ir introduzindo-os em suas
atividades paulatinamente. Essa rejeição inicial não nos deve levar a pensar
que ela não vai desfrutar dessa atividade ou desse estímulo depois que
estiver familiarizada com ele.
3-. Necessidade de
estruturação e antecipação.
Dada sua dificuldade para se
organizar e, portanto, para planejar suas atividades, é importantíssimo
oferecer um ambiente estruturado e previsível. À medida que a criança vai conhecendo
as características desse ambiente será possível antecipar o que vai ocorrer,
tornando menos provável a rejeição das
atividades que forem propostas.
4-. Uso de
material gráfico.
Reter
a informação puramente verbal é difícil. Por isso, devemos apoiar-nos em
material gráfico (fotos, desenhos ou pinturas), que tem uma continuidade no
tempo e no espaço, como instrumento básico para o ensino. Com ou sem linguagem
verbal, esse material é uma ferramenta valiosíssima para a criança estruturar
seu tempo e se comunicar, seja para pedir algum objeto, para pedir que se faça
algo ou para comentar algo que tenha acontecido.
Por
exemplo, podemos fazer o planejamento do dia no colégio mediante uma seqüência
de fotos ou de desenhos que mostrem as diferentes atividades que vão ser
realizadas.
5-.
Atenção e Concentração.
Sua atenção é inicialmente débil e a
quantidade de estímulos que lhe parecem interessantes é reduzida porque sua
capacidade de se concentrar numa tarefa é mínima. Deve-se partir dos estímulos
que lhe parecem atraentes para começar a trabalhar, sendo assim possível
aumentar os períodos de atenção. Pouco a pouco se deve introduzir estímulos
novos, intercalando-os com outros já conhecidos e motivadores. Em um primeiro
momento, o tempo dedicado a cada atividade deve ser muito reduzido sendo aumentado
progressivamente. Deve-se permitir momentos de descanso entre uma atividade e
outra.
Em função dessas dificuldades da
atenção, deve-se limitar também as distrações ambientais, sem que isso implique
um empobrecimento do ambiente.
Para aumentar os períodos de atenção
e concentração podem ser úteis os exercícios prévios de integração sensorial,
que englobam tanto atividades de motricidade grosseira (das quais a criança
participa ativamente deslocando objetos pesados, saltando etc.) como atividades
de organização sensorial (massagens, pressão nas articulações etc.) realizadas
pelo professor.
6-.
Movimentos estereotipados.
Podem
estar relacionados com a ansiedade ou com a falta de sentido das próprias ações
da criança. Não devem ser atacados diretamente, a menos que constituam um
perigo físico. Irão diminuindo à medida que a criança se veja envolvida com
atividades funcionais e motivadoras e na medida em que sua vida vá se tornando
mais cheia de sentido. No entanto, muitas vezes estão fortemente arraigadas e,
além disso, deve-se levar em conta que cumprem uma função de descarga de
ansiedade.
7-.
Hiperatividade.
Está diretamente relacionada com os
problemas de atenção e concentração e há um período de particular intensidade
na primeira infância. O exercício físico freqüente, especialmente os jogos aquáticos,
brincadeiras com movimentos, passeios etc., contribuem para acalmar a criança
de maneira significativa. À medida que
vai adquirindo pautas de atenção, sua hiperatividade será reduzida.
8-. Recusa
sistemática diante de estímulos novos.
É provável que a criança se oponha, às
vezes com muita angústia, a realizar uma nova tarefa, mesmo que esteja dentro
de suas possibilidades. Sua ansiedade diminuirá se a nova atividade for
apresentada inicialmente de forma gráfica. Deve-se manter uma atitude firme e
carinhosa, porém insistindo-se para que realize os primeiros passos. Se isso
não for feito, suas experiências ficarão seriamente limitadas. Uma vez vencido
esse temor inicial, ela terá prazer em realizá-la.
9-. Comunicação e
Linguagem
É fundamental que a criança se sinta
inclinada a comunicar seus desejos e necessidades, independentemente da
capacidade verbal que possua. As condutas de isolamento, quando existem, podem
ser reduzidas oferecendo oportunidades para interações prazerosas (mediante
atividades que se saiba serem do agrado da criança) e respondendo prontamente a
seus sinais comunicativos, seja qual for o meio empregado.
Podem estar presentes dificuldades de
diversas ordens no desenvolvimento da fala, o que faz com que, muitas vezes, a
compreensão verbal seja muito maior que a capacidade expressiva.
Um dos desafios mais importantes que
surgem quando essas crianças se põem a falar é o de planificar a seqüência de
sons de maneira a formar palavras e frases (controle oro-motor voluntário).
Também existe dificuldade para pronunciar com clareza e falar em uma velocidade
adequada.
Uma forma de ajudar é apresentar a
informação de forma visual ou gestual , além
de verbalmente, permitindo que utilizem todos esses meios para iniciar,
manter e recuperar suas interações (aproximação multissensorial da
comunicação).
Também é muito útil realizar tarefas
de ritmo e imitação de movimentos com todo o corpo, movimentos que podem ser
acompanhados por sílabas ou palavras.
A sucessão correta dos sons nas
palavras também pode ser acompanhada de forma gráfica. Se a criança se comunica
mediante palavras isoladas, pode-se marcar cada sílaba com um cartão ou com um
determinado sinal gráfico (um adesivo, por exemplo) fazendo com que a criança
vá apontando cada sinal à medida que
pronuncia as sílabas.
Se ela não constrói frases de mais
de uma palavra, pode-se ajudá-la a pronunciar a seqüência completa em uma
velocidade adequada fazendo “trens gráficos de palavras”, colocando cartões (um
para cada palavra) da esquerda para a direita.
Em estágios mais avançados do
desenvolvimento da linguagem é provável que seja necessário ajudá-la a regular
a rapidez e a aumentar a fluidez de sua fala.
Deve-se sempre estimular o uso
adequado da linguagem em conversas, pois têm a tendência para não manter o tema
sobre o qual está se falando ou a perseverar diante de determinados tópicos.
Apresentam
freqüentemente problemas relacionados à mobilidade e tonicidade dos músculos
oro-faciais, e podem manifestar uma certa hipersensibilidade nessa área. Em geral, mostram-se úteis os
exercícios de lábios e língua, introduzidos, sempre que possível, no contexto
de brincadeiras (encher bolas de gás, fazer caretas, fazer massagens no rosto
enquanto canta alguma canção etc.). A excessiva sensibilidade na região deve ser
vencida pouco a pouco. Tocar o próprio rosto e o interior da boca pode ajudar a
criança a tolerar que outras pessoas o façam.
10. Habilidades de
imitação.
Possuem boa capacidade de imitação,
o que deve ser utilizada como instrumento de aprendizado, especialmente no que
se refere à área social. Daí a
importância de compartilharem atividades
com outras crianças em situações
normais.
São pessoas que, apesar de poderem
apresentar condutas de isolamento e excessiva timidez, conseguem estabelecer
vínculos afetivos fortes e estáveis com aqueles com quem convivem.
BIBLIOGRAFIA EM ESPANHOL
El Síndrome X Frágil. Material
educativo de la
Fundación Nacional del X Frágil de Estados Unidos.
Colección
Rehabilitación. Ministerio de Trabajo y
Asuntos Sociales. IMSERSO. Madrid 1997.
Carmen Monsalve Clemente
Centro Leo Kanner (APNA) - Madri
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