No
desenvolvimento do cérebro das crianças existem fases e etapas muito bem
definidas, como se o exercício dessa função psíquica dependesse do
aprimoramento do órgão, tanto quanto a habilidade para andar, falar, escrever,
etc.
Segundo o
modelo proposto por Jean Piaget, existem dois processos sobre os quais o ser
humano vai organizar suas experiências e adaptá-las ao que foi experimentado,
constituindo assim o perfil de sua consciência.
Estes
processos seriam a Adaptação e a Organização. A Adaptação seria um processo de
ajustamento ao ambiente existencial em torno do ser. No ser humano, ao
contrário dos animais, essa adaptação não deve se reduzir exclusivamente às
reação de agressões do meio e as respostas necessárias à sobrevivência do
indivíduo e da espécie. No ser humano, a adaptação ao meio significa,
sobretudo, a adaptação emocional ao meio.
A
Organização da experiência inclui processos de combinação das informações
provenientes dos órgãos dos sentidos e o desenvolvimento de uma sábia tendência
a classificar ou agrupar esses estímulos em conjuntos ou sistemas. Trata-se do
processamento mental das informações oferecidas pela existência e captadas pelo
indivíduo através de seus sentidos (veja em PsiqWeb, Percepção, Sensopercepção,
Procepção e Representação da Realidade).
Conhecer a
evolução do desenvolvimento do pensamento infantil é importante para o
entendimento do paralelo desenvolvimento da consciência. Piaget dividiu o
desenvolvimento do pensamento da criança em quatro estágios:
Esse estágio
vai do nascimento até os dois anos de idade. Predomina, neste estágio, a
atividade sensorial (dos 5 sentidos) e, quase totalmente, o bebê opera com
ações do tipo olhar, tocar, pegar e sugar.
Aproximadamente
com um mês de vida o bebê vai substituindo seus reflexos básicos e inatos
(pegar, sugar, etc) por atitudes mais elaboradas, apesar de ainda sensoriais;
aborda os objetos e pessoas de maneiras novas. Durante esse primeiro período de
Piaget, um pouco mais (até 4 anos), é onde ocorre a maturação sensório-motora
descrita na neurociência, faltando ainda a maturidade das regiões frontais e
pré-frontais.
II -
ESTÁGIO PRÉ-OPERACIONAL
O Estágio
Pré-Operacional vai dos 2 aos 6 anos e se caracteriza pelo egocentrismo da
criança. Nessa fase ela não consegue entender que as outras pessoas também têm
direito de pensarem e agirem de forma diferente da sua.
Até os cinco
anos, as crianças desenvolvem a percepção de formas, e os circuitos neurais da
linguagem amadurecem mais ainda. A partir daí a linguagem organiza as ações, as
quais passam a ser intencionais.
A partir dos
5 ou 6 anos o cérebro da criança começa a se especializar e os hemisférios
(direito e esquerdo) passam a se ocupar de funções diferentes e bem definidas.
Predominando em um a emotividade e em outro a cognição.
É nessa fase
que a criança consegue, mais eficientemente, orientar seu corpo no espaço.
Inicia-se o desenvolvimento do raciocínio lógico-formal, mas ainda predomina o
raciocínio indutivo, isto é, a criança vê que duas coisas acontecem ao mesmo
tempo e supõe que uma é a causa da outra.
Nessa época
as crianças conseguem classificar objetos através da similaridade, havendo
grande maturação de áreas sensoriais associativas sem, no entanto, conseguir-se
ainda e plenamente um raciocínio formal.
III -
ESTÁGIO OPERACIONAL CONCRETO
O Estágio
Operacional Concreto vai dos 6 aos 12 anos. Nessa fase a criança se habilita
para o esquema das operações, tais como a soma, a subtração, a multiplicação, a
ordenação serial.
É nesse
estágio que ela consegue desenvolver um raciocínio indutivo, bem como superar
mudanças imediatas, considerar a relação lógica envolvida nos acontecimentos.
Basta considerarmos a habilidade natural das crianças com essa idade para
joguinhos de vídeo ou computador.
Mas elas
ainda apresentam dificuldades em lidar com questões abstratas. Com a gradual
maturidade dos lobos frontais, dá-se início ao raciocínio formal e a maior
percepção emocional (veja acima a Área Pré-Frontal).
IV -
ESTÁGIO OPERACIONAL FORMAL
O Estágio
Operacional Formal acontece dos 12 anos em diante. O desenvolvimento
macroscópico do cérebro e das micro-redes neurais nessa fase já é praticamente
satisfatório. A principal aquisição desse período é aprender a pensar e lidar
com as idéias e objetos. A criança começa a considerar conscientemente as
coisas imaginárias e as possíveis, torna-se capaz de lidar com os problemas de
forma sistemática e metódica.
Nessa fase
acrescenta-se ao pensamento indutivo, a recém criada lógica dedutiva, e é
quando se tornam mais evidentes os eventuais déficits de desenvolvimento
intelectual.
A partir dos 10 anos se observa um predomínio das funções simbólicas sobre a motora. O pensamento abstrato se torna independente da referência física e concreta das experiências.
A partir dos 10 anos se observa um predomínio das funções simbólicas sobre a motora. O pensamento abstrato se torna independente da referência física e concreta das experiências.
Mais
adiante, na adolescência, a pessoa já será capaz de formular hipóteses a partir
de fatos abstratos e não concretos. Esta presente agora, o aspecto mais
elaborado de pensamento humano; desprender-se do concreto. Os circuitos neurais
macroscópicos já estão praticamente todos desenvolvidos e o cérebro adolescente
se assemelha ao dos adultos.
Como vimos,
o desenvolvimento do pensamento, através dos 4 estágios descritos por Piaget,
se dá lentamente entre o nascimento e os 15 anos, aproximadamente. O mérito da
observação de Piaget se afirma na constatação extremamente regular da sucessão
desses estágios.
Entretanto,
embora a sucessão dos estágios seja sempre a mesma, a velocidade desse
desenvolvimento pode variar entre as diversas pessoas e entre os diversos meios
sócio-culturais.
Fonte: AGUIAR, Marcelo Dantas. A Inclusão, a Diversidade e a Desigualdade na sala de aula. Jundiaí, 2010 SP: Organização Educacional Arthur Fernandes – FACCAT Monografia, Orientador: Profª Ms. Liliana Kayakawa